Doutoranda em educação na USask cria espaço para o sucesso acadêmico de alunos neurodivergentes
Daniela Sampaio, doutoranda do Colégio de Educação da Universidade de Saskatchewan (USask), está usando as suas próprias experiências para melhorar as vidas de alunos neurodivergentes.
By Connor JayCrescida nas paisagens vibrantes do estado da Bahia, Brasil, Sampaio parecia destinada a se tornar uma educadora. A sua primeira aluna foi ela mesma, enquanto ela lidava com os desafios de aprender através de métodos de ensino tradicionais.
“Minha jornada educacional começou em casa, comigo sozinha, porque eu tinha muita dificuldade de aprender dentro de sala de aula”, disse Sampaio, que vai colar grau como mestre na cerimônia de Formatura de Outono da USask, na quarta-feira, 12 de novembro, no Merlis Belsher Place.
Ela se deu conta de que não estava aprendendo efetivamente com os seus professores, mas ainda assim ela conseguia aprender assuntos e absorver informações como autodidata, através de livros e da internet. Isso a levou a desenvolver as suas próprias estratégias de aprendizagem.
“Eu comecei a pensar em formas diferentes de entender as matérias e aprender”, ela disse. “Foi um exercício para desenvolver uma metodologia de aprendizagem que poderia me ajudar”.
Quando criança, Sampaio também notou as dificuldades dos seus colegas em sala de aula. Ela começou a compartilhar os seus métodos de ensino para ajudá-los.
“Os meus colegas eram muito inteligentes mas, por alguma razão, alguns deles não estavam realmente aprendendo”, disse. “Então, às vezes a gente se juntava para conversar e pensar como nós poderíamos aprender os assuntos que não estávamos aprendendo na aula. Eventualmente, nós fomos descobrindo formas e desenvolvendo estratégias para nos ensinar os assuntos”.
Apoiar os seus colegas sempre foi uma das suas prioridades. Com os colegas, eles iam intercalando ler parágrafos em voz alta para praticar com aqueles que tinham alguma dificuldade com oratória. Ela viu o potencial dos seus colegas que apenas precisavam de métodos melhores para conseguir brilhar.
“Eu tive muito bons professores ao longo da minha vida”, ela disse. “Eu sinto que fui muito abençoada por tê-los, mas era evidente que por vezes eles não estavam preparados para ensinar alunos com perfis diversos de aprendizado. Em sua maioria, eles tinham uma abordagem bastante tradicional de ensino, aprendizagem e avaliação”.
Apesar da sua paixão pela educação, Sampaio teve dificuldade em atingir as notas necessárias para se tornar professora, no início da sua graduação na Universidade Salvador (UNIFACS). Em dado momento, ela até considerou abandonar o curso.
“No meu primeiro semestre no curso de pedagogia, eu recebi uma nota muito baixa”, ela disse. “Eu me senti tão derrotada, que considerei escolher outra carreira”. Felizmente, uma das suas professoras, Ana Jacy Calasans, disse para ela: ‘Nós vamos dar um jeito de fazer isso funcionar’. Ana Jacy dedicou muito tempo e energia tentando pensar em formas alternativas de avaliar o meu conhecimento e me apoiar”.
Métodos tradicionais, como testes de múltipla-escolha não refletiam o seu domínio da matéria. Mas, quando ela foi permitida a demonstrar o seu conhecimento através de outros formatos avaliativos, as suas notas aumentaram. Ela acabou se formando summa cum laude com uma média geral de 97% e vários reconhecimentos acadêmicos.
“Eu realmente sabia os assuntos”, ela disse. “Eram as estratégias e os instrumentos de avaliação que não se comunicavam comigo”.
A sua dedicação ao campo da educação se intensificou após ela receber o diagnóstico formal de autismo e TDAH.
“Na época, eu não sabia muito sobre autismo ou TDAH, mas eu sempre soube que eu era diferente e que eu respondia diferente à educação e a aprender”, ela disse. “O meu cérebro precisa de instruções muito claras e objetivas. Depois do diagnóstico, eu senti uma vontade imensa de agir de alguma forma, na esperança de que outros alunos não precisassem passar por tantas dificuldades como as quais eu passei”.
Essa motivação a impulsionou a fundar a Liga Acadêmica de Educação Inclusiva e Neurodiversidade [LAEN] na Universidade Salvador. A iniciativa promoveu desenvolvimento acadêmico e profissional no área de educação inclusiva para estudantes e professores, com foco em diálogos e abordagens voltadas para a neurodiversidade.
“Eu fundei a liga acadêmica para que a gente pudesse oferecer eventos e mesas redondas para conversar sobre diversidade, e sobre como nós poderíamos adaptar as nossas estratégias de ensino para melhor endereçar diversas formas de aprender e criar salas de aula mais inclusivas”, ela disse.
Com o objetivo de colaborar com avanços na formação de futuros professores, Sampaio ingressou no mestrado em administração educacional, na USask.
A Universidade chamou a sua atenção pelos seus programas de pós-graduação robustos, pela comunidade acadêmica acolhedora, e pelo seu comprometimento com alunos internacionais. Entretanto, foi a simpatia dos professores e da equipe administrativa do departamento que a fez fechar negócio.
“Eu pesquisei os perfis dos professores do Departamento de Administração Educacional”, ela disse. “Todos eles tinham currículos impressionantes, e muita experiência orientando alunos pesquisadores, conduzindo pesquisa e publicando na academia. Por último, eu olhei para as fotos deles e todos eles tinham um olhar gentil – inclusive Katrina Hutchence e Jennifer Kovar, que fazem parte da equipe administrativa do departamento. Eu quis vir para um lugar em que eu pudesse encontrar bondade e gentileza, porque é assim que eu também procuro me conduzir na vida, como pessoa e profissional”.
A sua dissertação de mestrado “Neurodiversidade no Campus: As Experiências de Professores Universitários Trabalhando com Alunos Neurodivergentes”, explora como professores de Ensino Superior interagem e dão suporte para alunos neurodivergentes. Com a neurodiversidade no Ensino Superior sendo um campo de pesquisa relativamente novo e pouco explorado, ela espera que a sua pesquisa possa ajudar futuros alunos a se sentirem mais confortáveis e serem efetivamente apoiados no ambiente acadêmico.
“Nós sabemos que muitos alunos se sentem desamparados no Ensino Superior”, disse. “Muitas vezes, eles sentem que precisam escolher entre ser vistos como válidos e capazes, ou expor o seu diagnóstico e potencialmente passarem a ser vistos com preconceito. Isso prejudica as suas experiências e os seus desempenhos acadêmicos. Existem camadas extras de estresse e de desafios para pessoas neurodivergentes cursando graduação e/ou pós-graduação.
Sampaio vai receber o seu diploma de mestrado na Formatura de Outono da Universidade de Saskatchewan, mas ela já começou o doutorado para dar continuidade à sua pesquisa. O seu maior objetivo é fortalecer a comunidade acadêmica e a sociedade.
“É isso que eu quero fazer – Eu quero ser professora no Ensino Superior”, ela disse. “Eu quero apoiar futuros professores, dialogar sobre educação inclusiva, ser parte do crescimento deles e crescer junto com eles”.
Ela incentiva outros alunos internacionais à estudar bastante e aproveitar ao máximo a sua jornada na universidade.
“Se é isso que você realmente deseja fazer, jogue duro nos livros. Há muito o que aprender e se engajar na Usask. Aproveitem ao máximo”.
Ainda que estudar no exterior possa ser desafiador, ela é um lembrete para alunos internacionais da importância de se manter conectado com as suas origens.
“Não percam a faísca e tudo o que vocês trouxeram com vocês”, ela disse. “Nós estamos bem longe de casa, então é fácil nos sentirmos desconectados da nossa cultura e da nossa identidade. Mas, é isso que me dá vida. Isso dá personalidade à minha identidade e a como eu conduzo a minha carreira acadêmica e a todas as oportunidades de ensino e aprendizagem que eu tenho”.
Com a sua personalidade vibrante e o seu comprometimento inabalável, Sampaio está ajudando a construir ambientes de aprendizagem mais inclusivos para alunos neurodivergentes – e abrindo portas para estudantes internacionais prosperarem.
Together we will support and inspire students to succeed. We invite you to join by supporting current and future students' needs at USask.